Os candidatos a prefeito e a vereador entraram no segundo mês de campanha e estão na rua tentando convencer o eleitor sobre suas propostas para governar e legislar. Mas, que tipo de eleitor eles estão encontrando na rua? De acordo com os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), uma população eleitoral onde a maioria é formada por mulheres (127.426) – os homens são 113.593, sendo que 36,74% têm o ensino fundamental incompleto, enquanto 4,72% são formados em faculdade e ainda uma grande parte está na faixa etária dos 45 a 59 anos (ver gráfico). Além destes fatos, os candidatos ainda trabalham com os dados de seus partidos, buscando também convencer os filiados de votar e ir para a rua fazer campanha para eles. Esta é uma tarefa árdua, pois nem sempre a filiação garante que o voto será para o candidato do seu partido. Dos 241.400 eleitores, conforme dados de julho deste ano do TSE, 25.371 estão filiados aos partidos com registro em Petrópolis, com o PDT registrando o maior número de filiados (5.010), seguido pelo PMDB (3.994) e pelo PP (3.092).
A infidelidade partidária não está apenas nos políticos com mandato, mas também entre os candidatos e filiados partidários. Um coordenador de campanha de um candidato a vereador, que pediu para não ser identificado, disse que foi procurado por candidato de outro partido, que desistiu de disputar uma vaga para a Câmara Municipal e vai apoiar outros candidatos. Há ainda candidatos que estão na coligação mas farão campanha para outro. Esta situação acontece entre os filiados, pois se pela fidelidade, com toda certeza o PDT não teria problemas para eleger vereadores.
O universitário de Contabilidade, Paulo Eckhardt, 35 anos, está entre os eleitores que inicialmente não votam em ninguém, pois não se sente atraído por nenhuma proposta dos candidatos e muito menos pela política. “Para prefeito não tenho nenhum candidato e se for votar acredito que o melhor seja sempre a mudança. Para vereador vou votar num amigo”, mas se não tivesse um amigo candidato, Eckhardt fez questão de frisar que “não votaria em ninguém” e reclama dos políticos que dizem representar a região do Quitandinha onde mora. O seu descontentamento com os políticos, com a prática política, é a atitude de muitos eleitores que vão deixar para a última hora decidir em quem votar. Em 2008, na eleição municipal, Petrópolis tinha 231.821 eleitores aptos a votar, mas somente 196.381 compareceram às urnas, cerca de 35.440 se abstiverem. Lideranças políticas da cidade afirmam que as pesquisas internas de partidos mostram que mais de 50% da população ainda não sabe em quem votar.
Um assessor de um candidato a vereador, que pediu para não ser identificado, contou que os eleitores aceitam conversar, “mas querem ouvir propostas e projetos, não querem ouvir a gente falar mal de outro candidato”. Ele contou ainda que já avisou as pessoas que estão trabalhando na rua fazendo campanha, “não adianta falar mal de outro candidato, temos que falar dos nossos projetos”. De acordo com ele, teve uma eleitora que chegou a falar para um cabo eleitoral que “parei para ouvir sua proposta e não te ouvir falando mal de outro candidato”.
Para o aposentado Sinval Ventura, 71 anos, que tem a opção de votar ou não, disse que se houvesse boas propostas poderia até votar, mas como não vê nenhuma e está desacreditado quanto aos políticos, prefere ficar em casa. Ele conta que na juventude foi membro da Juventude Operária Católica (JOC) e chegou a ser filiado a um partido. “Naquele tempo os políticos nos empolgavam, a gente saía para votar naquele candidato e defendíamos ele e o partido, mas hoje é uma bagunça e muita corrupção”.
Já Maria Rodrigues de Lima, 68 anos, disse que vai votar e sempre segue as orientações dos filhos, mas tem claro em quem não votar. “Tem alguns políticos que nos decepcionaram e não voto mais, e se puder faço campanha contra”.
De acordo comos dados do TSE sobre os eleitores, levando em consideração o grau de instrução, como mostra o gráfico, o número de eleitores fazendo ou que concluiu o curso superior ou possui o ensino médio completo perfazem um total de 54.320, contra 187.072 de eleitores que são analfabetos, ensino fundamental completo e incompleto, ensino médio incompleto, lê e escreve e aqueles que não informaram a situação.
Mas não é apenas o grau de instrução que chama atenção. Os dados do TSE mostram também a faixa etária, que pode ou não ser um complicador para o candidato. Aqueles que apresentam um discurso representando a juventude estão disputando o voto de 33.958 jovens que estão na faixa etária dos 16 aos 24 anos. Na eleição de 2008, quatro jovens políticos foram eleitos vereadores.
Fonte: Tribuna de Petrópolis