Mais um ataque da Gangue da Britadeira revoltou, ontem, comerciantes da Rua do Imperador. Dessa vez, a ação foi ainda mais audaciosa, pois, com uma arma em punho, os bandidos teriam rendido o zelador de um sobrado, onde funciona uma revenda de telefones celulares, para ter acesso a uma loja de artigos de R$ 1,99 e uma casa de ferragens. Teriam passado a madrugada abrindo buracos nas paredes para passar de um estabelecimento a outro, sem chamar a atenção de quem passasse na rua.
Sem esperança de ver o problema solucionado, comerciantes sequer procuram a delegacia para registrar a ocorrência, mas, numa contagem superficial feita por vítimas, mais de 20 estabelecimentos, entre sapatarias, estúdios fotográficos, drogarias e vendas de tecidos, todos do lado ímpar da Rua do Imperador, já teriam sido alvo dos bandidos. Os ataques começaram no ano passado e, depois de alguns meses de trégua, voltaram a acontecer no início de 2011. O modus operandi é sempre o mesmo. Em algumas situações, os ladrões chegaram a passar madrugadas inteiras e até fins de semana no interior de estabelecimentos.
Na madrugada de ontem, a situação não foi diferente, mas o interesse dos bandidos era apenas dinheiro, pois objetos de valor foram deixados para trás. “Não temos muito o que fazer. Possuímos sistema de alarme, o qual é acionado se alguém tentar forçar a porta da frente. É difícil imaginar que vão entrar pelas paredes”, disse uma vítima, que pediu para não ser identificada. Ele garante que já está investindo em mais segurança, com sensores e câmeras de monitoramento ligadas 24 horas no interior da loja. “Levaram apenas dinheiro e ignoraram os objetos, provavelmente para evitar que fossem rastreados na hora da venda”, completa.
Na outra loja invadida, os bandidos agiram da mesma forma, mas deixaram o local complemente revirado. “Roubaram apenas uma pequena quantia, a qual estava no caixa e serviria para troco, mas espalharam documentos e fizeram muita bagunça. O maior prejuízo é o arrombamento na parede do depósito, que fica no segundo andar, e o tempo que estamos perdendo para colocar tudo em ordem novamente”, contou outra vítima, que também ainda iria decidir se registrava ou não o caso na 105ªDP (Retiro).
Ao contrário de casos anteriores, quando os ladrões invadiram as lojas pelos fundos, dessa vez eles entraram pela porta da frente, ou seja, em plena Rua do Imperador. Assim que subiram as escadas do sobrado, teriam se deparado com o zelador e, com uma arma em punho, o renderam e obrigaram a abrir várias salas. Logo começaram a arrombar as paredes para entrar nos comércios vizinhos. A princípio, teriam permanecido cerca de três horas no local.
Vítimas de ataques anteriores se manifestaram sobre o problema e cobram ações mais eficientes tanto das polícias Civil e Militar quanto da própria Secretaria Municipal de Segurança, porque as imagens das câmeras de segurança espalhadas pelas ruas do Centro Histórico poderiam ajudar na identificação dos ladrões. “Ou o sistema é ineficiente ou é usado apenas para detectar problemas no trânsito”, reclamou um comerciante.
Se por um lado comerciantes cobram providências, por outro a Polícia destaca que as vítimas precisam procurar a delegacia para confeccionar o registro de ocorrência. “Sem esse documento, não temos como saber que os casos continuam acontecendo. Esses últimos três casos, por exemplo, não foram comunicados, o que dificulta o nosso trabalho”, destaca o delegado Marcello Maia.
Marcelo Fiorini, presidente do Sindicato do Comércio de Petrópolis), revela que já tomou conhecimento do problema e chegou a entrar em contato com algumas vítimas pedindo as cópias dos registros de ocorrência, mas não obteve retorno dos empresários. “Há cerca de 30 dias enviei uma circular orientando os empresários a registrar a ocorrência, no caso de ser vítimas. Com esse documento, temos como cobrar providências da Polícia. Estamos do lado dos empresários, que também precisam fazer a parte deles”, completou.
Fonte: Tribuna de Petrópolis
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