sábado, 23 de julho de 2011

Jovens de comunidades pacificadas vibram com Jogos Mundiais Militares

Grupos assistiram a partidas de vôlei no Maracanãzinho e de basquete no HSBC Arena

A um dia do fim dos V Jogos Mundiais Militares, que começaram no sábado passado, cerca de 240 crianças e adolescentes que vivem em comunidades pacificadas do Rio puderam curtir um dia vibrando com partidas dos torneios de vôlei e basquete da competição internacional. Elas ganharam convite da organização da competição para acompanhar neste sábado (23/7) o vôlei masculino no Maracanãzinho e o basquete no HSBC Arena, na Barra da Tijuca.

A parceria com a organização dos Jogos faz parte das ações estratégicas da Secretaria de Segurança de intensificar a política de aproximação com as comunidades que têm Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). A distribuição de convites nas comunidades ficou a critério dos comandantes das UPPs selecionadas.

Foram escolhidas 30 crianças do complexo de São Carlos/Mineira, 22 da Providência, 20 da Formiga, 18 de São João, 16 de Tabajaras/Cabrito, 15 do Morro dos Prazeres e 16 dos Macacos, que escolheram ir ao Maracanazinho para acompanhar uma partida de vôlei, enquanto 65 crianças da UPP Cidade de Deus e 40 da UPP Pavão-Pavãozinho preferiram o basquete no HSBC Arena.

O primeiro grupo a aparecer no Maracanãzinho, na manhã deste sábado, levado pelo tenente Maicon Pereira, subcomandante da UPP dos morros dos Prazeres e Escondidinho, em Santa Teresa, era composto por seis jovens destas comunidades e por 16 do Morro dos Macacos, em Vila Isabel. Ao chegar ao ginásio, cada um ganhou, além da entrada gratuita, uma camisa com o slogan Torcida da Paz, um bonezinho e um kit de lanche. Em contrapartida, as crianças contribuíram com o natural entusiasmo da idade. Elas assistiram à partida entre a Alemanha e o Qatar, a segunda da programação do dia – a primeira, entre Venezuela e Índia, foi vencida pelos sul-americanos por 3 a 0.

Antes do jogo, seduzidos pelo marketing dos alemães, que distribuíram bandeirinhas e fitas com as cores do país, eles tenderam a torcer pela equipe europeia, mas com o correr do jogo, diante do maior poderio técnico dos árabes, que venceram o primeiro set com muita facilidade em 25 a 14, a criançada acabou se dividindo na torcida. Na verdade, os jovens queriam mesmo era fazer barulho. Qualquer lance era motivo para curtir uma boa algazarra.

Camila dos Santos, 12 anos, moradora do Morro dos Prazeres e estudante da 7ª série do Ensino Fundamental na Escola Municipal Orlando Villas Boas, no Centro do Rio, disse que gosta e pratica futebol como zagueira no núcleo do projeto Rio 2016, da Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj), da Secretaria de Esporte e Lazer, na sua comunidade, mas foi ao Maracanãzinho porque também tem interesse pelo vôlei.

– É um esporte que também tem lances de emoção, a gente pode vibrar com as jogadas. Gostaria de um dia poder assistir ao vivo a um jogo da seleção brasileira, que já vi muitas vezes pela televisão – revelou a menina.

O garoto Luís Cláudio da Silva e Souza, de 10 anos, estava mais deslumbrado com o tamanho do ginásio do que propriamente com o jogo. Ele é goleiro do time de futebol do núcleo do Rio 2016 do Morro dos Macacos e cursa o 3º ano na Escola Municipal República da Argentina, em Vila Isabel. Ele confessou: seu sonho é se tornar jogador profissional de futebol quando crescer e jogar no Maracanã, que fica ao lado do ginásio.

– Quero ser goleiro da seleção do Brasil – aposta o garoto.

O tenente Maicon Pereira acredita que essas programações ajudam muito o trabalho da polícia nas comunidades pacificadas, porque reforçam a confiança dos moradores na corporação. O plano da Secretaria de Segurança é desenvolver o máximo de atividades que envolvam policiais com a população, sejam elas esportivas, de lazer, culturais ou assistenciais.

– Desde que a UPP foi instalada, temos tido uma integração muito boa com os moradores, especialmente com as crianças. Elas praticam várias modalidades esportivas nos nossos núcleos. E sair das comunidades para assistir a eventos como este é válido para elas, porque passam a ter noção de uma competição oficial e do que o esporte de alto rendimento pode proporcionar para a formação delas – argumentou o policial.
 

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