segunda-feira, 5 de março de 2012

RIO DE JANEIRO GANHA PRIMEIRA UNIDADE ESPECIALIZ​ADA EM TRANSPLANT​ES


Prestes a completar dois anos, programa estadual triplicou a relação de doadores no estado

A rede estadual de saúde ganhará, em breve, a primeira unidade especializada em transplante de órgãos. Um hospital federal será estadualizado para atender ao crescente aumento do número de doadores no estado. Enquanto a reforma desta unidade – que será anunciada pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, na próxima quinta-feira (8/3) não for concluída, o Instituto do Coração Aloysio de Castro (IECAC) ficará responsável por transplantar corações, rins e pâncreas.

Prestes a completar dois anos de criação, o Programa Estadual de Transplantes (PET) triplicou a relação de doadores no estado. A média, que era de 4,4 doadores por um milhão de habitantes, passou para 13,9, colocando o Rio de Janeiro na 6ª posição no ranking nacional de doação, liderado por Santa Catarina e São Paulo. O número, divulgado nesta segunda-feira (5/3) pelo coordenador da Central Estadual de Transplantes, Eduardo Rocha, está acima da média nacional, de 11 por milhão. Nos dois primeiros meses de 2012, foram cadastrados 40 voluntários, sendo que cada um doa, em média, três órgãos. A expectativa é que o número de transplantes ultrapasse 220 em 2012, contra os 121 realizados no ano passado.

Para o governador Sérgio Cabral, o tema transplante é delicado, porque soma-se a dor da perda de um lado com a necessidade de quem deseja viver.

- Doar é um ato de muita coragem e amor ao próximo. E o trabalho da equipe da central de transplantes tem dimensão tal que cabe sempre ressaltar o esforço, porque demanda infraestrutura, comunicação, planejamento. Nosso desafio é mudar o conceito de saúde pública no estado. O que o cidadão comum é ser atendido gratuitamente com dignidade – avaliou Cabral.

As parcerias público-privadas serão ampliadas nas unidades, como a realizada no Hospital da Mulher, em São João de Meriti, garantindo melhores condições de atendimento à população. O governador anunciou ainda que os profissionais de saúde mais engajadas na captação de órgãos receberão gratificações.

- A ideia é estimular os servidores através de um programa de meritocracia, que pagará valores extras para profissionais que tiverem melhor desempenho nos transplantes no estado. Os números de captação mostram que e mais uma vez o Rio de Janeiro deixa de ocupar uma posição vexatória para se posicionar de outra maneira. Estamos em processo de desenvolvimento, temos um longo caminho pela frente, mas queremos que o Rio se torne referência nacional e sulamericana em transplantes - disse.

O secretário de Saúde, Sérgio Côrtes, afirmou que o número de doações aumentou, mas ainda existe a necessidade de encontrar hospitais preparados para realizar as cirurgias.

- Fizemos um acordo com o Ministério da Saúde e um hospital federal será cedido ao estado para realizar esses transplantes. Enquanto isso, o Iecac ficará responsável por essas cirurgias. Firmaremos ainda um termo de cooperação técnica com o Hospital Sírio Libanês, que dará suporte à rede estadual para podermos avançar com programa. Acredito que até o fim do ano, a central estadual já esteja funcionando e possamos receber esse grato aumento de doadores - falou Côrtes.

Segundo o coordenador da Central Estadual de Transplantes, Eduardo Rocha, as unidades que mais captarem órgãos serão premiadas pela Secretaria de Saúde. O destaque de 2011 foi o Hospital Estadual Getúlio Vargas.

- O Brasil melhorou muito em relação ao número e a qualidade dos transplantes e felizmente o Rio de Janeiro avançou ainda mais. Estamos fazendo a nossa obrigação, mas queremos melhorar muito ainda. Sem doadores não há transplantes, por isso nosso esforço será o sentido de aumentar a captação - disse Rocha.

Onze meses depois de um transplante de fígado, César Bortoluzzi, 57 anos, disse que leva uma vida normal. O comerciante ficou impressionado com o atendimento de excelência, mesmo depois do transplante.

- Fiquei na fila por 10 meses, mas a cirurgia foi antecipada devido à gravidade da situação. Eu tinha câncer e cirrose, mas hoje vivo muito bem, praticamente sem restrições, tomando medicação obrigatória, mas pratico esportes, vou à praia. A operação foi realizada no Hospital Adventista Silvestre, mas todo o procedimento foi feito através do PET. O programa funciona muito bem, inclusive a distribuição de remédios, que tem hora marcada. O grande problema é a captação, em número insuficiente para atender a demanda. As pessoas precisam ser conscientizadas a doar e salvar muito mais vidas – completou César.



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