quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Estado lança muriqui como candidato a mascote das Olimpíadas 2016



Macaco será carro-chefe de campanha em defesa de espécies ameaçadas em território fluminense

O Governo do Estado lançou nesta quarta-feira (26/10) campanha propondo o macaco muriqui, o maior primata das Américas, como seu candidato oficial para concorrer a mascote das Olimpíadas de 2016. Vários artistas apoiam a campanha, e alguns deles, como Marcos Pasquim, Marcos Frota, Isabel Filardis e Sérgio Marone, comparecerem à solenidade de lançamento, realizada no Parque Lage, no Jardim Botânico. Na ocasião, o secretário do Ambiente, Carlos Minc, anunciou duas novidades que, de certa forma, se interligam à campanha em favor do macaco genuinamente brasileiro, que está entre as espécies de animais altamente ameaçadas de extinção.

A Secretaria do Ambiente, depois de, nos últimos quatro anos e meio, ter ampliado e criado unidades de conservação, como os parque estaduais de Três Picos e da Costa do Sol, vai demarcar até o fim do ano uma nova área protegida: o Parque Estadual da Pedra Selada, na área da Serra da Mantiqueira, com sete mil hectares. O local é habitat do muriqui-do-norte, uma das duas espécies do macaco.

– Temos de ampliar a casa do muriqui e de todos os animais para que saiam da linha da ameaça ao desaparecimento – argumentou Minc.

O secretário também falou da campanha já lançada em defesa de todas as espécies ameaçadas no Estado do Rio. Ela será propagada, através de um cartaz com a foto de dez dos animais mais ameaçados, entre eles o muriqui, em todas as escolas estaduais, rodoviárias, batalhões de polícia e demais espaços públicos do Estado do Rio. O folder que acompanha o cartaz traz a foto do macaco na capa.

– O muriqui vai ser o carro-chefe dessa campanha. Ao defender o macaco, a pessoa estará defendendo todas as espécies da Mata Atlântica – argumentou o secretário.

A presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Marilene Ramos, lembrou que a área da biodiversidade tinha sido, a princípio, esquecida na relação de legados ambientais proporcionados pelas Olimpíadas a partir dos compromissos assumidos junto ao COI com saneamento básico, despoluição de lagoas e da Baía de Guanabara e eliminação da emissão de gases de efeito estufa produzidos pela organização dos Jogos através do replantio de árvores em número equivalente.

– A escolha do muriqui como mascote das Olimpíadas coloca a questão também como um legado à população – completou Marilene.

Promotor da proposta do muriqui como mascote das Olimpíadas, o diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Inea, André Ilha, revelou que a ideia surgiu em 2009, durante as comemorações de 30 anos do Centro de Primatologia, em Guapimirim, na Baixada Fluminense, que é voltado para pesquisas e estudos dos primatas brasileiros.

– Depois de aprovada pelo Conselho Diretor do Inea e pelo secretário Carlos Minc, o governador Sérgio Cabral abraçou a ideia que, assim, se tornou candidatura oficial do Estado. Hoje é o começo de uma campanha que, esperamos, envolva todo o Brasil para que o Comitê Organizador Rio 2016 o escolha o macaco como a legítima mascote dos Jogos – apostou Ilha.

Apoio não vai faltar. A atriz Isabel Filardis é uma das entusiastas da campanha. Ela, inclusive, teve a ideia de usar o bonequinho do macaco agarrado ao pulso.

– Acho que o muriqui tem tudo a ver com o que a gente quer passar para as pessoas. E nas Olimpíadas o mundo todo vai estar de olho na gente – frisou a atriz.

Macaco será tema de musical

Ator e dono da Universidade do Circo, Marcos Frota considera o muriqui um animal circense por natureza, dada sua destreza em viajar pelas copas das árvores. Ele informou que está produzindo um musical sobre o macaco como símbolo da luta pela preservação da Mata Atlântica. O espetáculo, que será dirigido por Jorge Fernando, deverá estrear em 20 de dezembro em seu circo, na Quinta da Boa Vista.

– Será um musical circense, chamado Muriqui, o Guardião da Floresta. O espetáculo vai reforçar a campanha em favor do macaco para mascote, até porque vamos levar a discussão sobre a questão do meio ambiente através do musical a todo o universo estudantil do estado. A escolha do muriqui como símbolo dos Jogos é um golaço – classificou Frota.

Os presentes assistiram a um vídeo institucional da campanha em que aparecem personalidades, como os atores Camila Pitanga, Marcos Pasquim, Sérgio Marone, o compositor Chico Buarque e o chef francês Claude Troigros, entre outros, hipotecando apoio. O compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil também aderiu, autorizando a execução da música “Aquele abraço” como trilha sonora da campanha.

- O muriqui é o animal ideal para mascote dos Jogos Olímpicos de 2016, por representar bem o Brasil, em geral, e o Rio, em particular, e, ao mesmo tempo, enfatizar valores como a paz, a cooperação, o trabalho em equipe, a convivência familiar e a conservação da natureza. O muriqui possui comportamento solidário, vive em sociedade, harmoniosamente e trabalha em equipe, o que evoca a necessária solidariedade dos esportes coletivos - justificou Minc.

Embora seja o maior primata das Américas, podendo atingir 1,5 metro e 15 quilos, o macaco é dócil, afetuoso e solidário. O animal é exclusivamente brasileiro, nativo de Mata Atlântica, e o Rio de Janeiro, o único estado onde, possivelmente, estão presentes as duas espécies do macaco: muriqui-do-sul (Brachyteles arachnoides) e muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus). Muriqui em tupi-guarani significa “povo manso da floresta”.

O primata está reduzido atualmente a cerca de 1,3 mil exemplares que podem ser encontrados principalmente na Região Serrana do Rio. Salvá-lo da extinção é também uma forma de preservar a Mata Atlântica. O macaco serve como dispersor de sementes essenciais para o reflorestamento. Endêmico da Mata Atlântica do Sudeste do Brasil (do Sul da Bahia até o Paraná), sofre os efeitos do antropismo por várias vertentes: destruição da floresta que é seu habitat original; caça ilegal nas áreas estatais preservadas; e comércio ilegal em áreas privadas.

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